terça-feira, 24 de novembro de 2009






Pelo formato da cabeça: a das venenosas é triangular. Isso, pelo menos, é o que se costuma dizer por aí - mas trata-se de uma generalização perigosa. A diferenciação entre elas está longe de ser tão simples assim. Outros detalhes anatômicos - como a cauda, as escamas e a pupila - também ajudam na distinção, mas existem tantas exceções à regra que eles, por si só, são insuficientes. O método mais seguro é observar a presença de um pequeno orifício entre os olhos e as narinas: a chamada fosseta loreal. "Todas as serpentes venenosas, com exceção da cobra coral, são dotadas desse orifício, que não aparece nas não-venenosas", afirma o biólogo Otávio Marques, do Instituto Butantan, em São Paulo. O tal buraquinho é, na verdade, um órgão termorreceptor - ou seja, um detector de calor - de altíssima sensibilidade, capaz de perceber variações de temperatura da ordem de 0,003 grau centígrado. Além desse traço revelador, há também significativas diferenças de comportamento entre os dois tipos de ofídios.
A principal delas é que os venenosos têm hábitos noturnos - embora também possam ser avistadas de dia. Outra coisa: serpentes inofensivas fogem quando ameaçadas. As peçonhentas não: elas se enrodilham e armam o bote. Mas também há exceções em ambos os casos. Existem cerca de 2 500 espécies de cobras, das quais cerca de 260 são encontradas no Brasil. Dessas, menos de 30% são peçonhentas e as mais perigosas pertencem ao grupo dos crotalíneos, agrupadas em três gêneros: Bothops, também conhecidas como jararacas; Crotalus, popularmente chamadas de cascavéis; e Lachesis, as surucucus. Juntas, respondem por 99% dos ataques a seres humanos.

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